CBPF e UFRJ firmam acordo histórico para restauração do Pavilhão Mário d'Almeida, sede histórica do CLAF

Postado em: 10/NOV/2025 Categoria: Institucional

[10/11/2025]

Após um longo processo de negociação, finalmente foi alcançada entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) uma solução positiva para a cessão do prédio que abriga, desde a sua fundação em 1962, a sede do Centro Latino-Americano de Física (CLAF). O acordo entre as instituições foi assinado no dia 28 de outubro do corrente ano. Com esse acordo, o CBPF será o responsável pelo Pavilhão Mário d'Almeida pelos próximos 35 anos. Após uma restauração completa do prédio que procurará, não apenas preservar as atuais características arquitetônicas, mas também dotar a edificação com as condições necessárias para se transformar em um importante centro de encontro, pesquisa e discussão em física, história da física e temas afins, além de continuar a abrigar o CLAF. A obra deverá ser iniciada em até 180 dias, conforme consta no contrato assinado. Os recursos financeiros, necessários para arcar com os custos da reforma e adaptação do prédio de enorme valor histórico e cultural, virão da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Para o CLAF, como também para o CBPF, a assinatura do acordo de cessão do Pavilhão Mário d'Almeida encerra um período de incertezas com relação à preservação da primeira sede própria de ambas instituições.  

Construído com uma verba doada pelo banqueiro Mário d’Almeida, e inaugurado no início dos anos 1950, o Pavilhão, que recebeu o nome do doador do dinheiro necessário para a sua construção, abrigou o CBPF até o início da década de 1980. Dessa época até praticamente meados da década atual, foi ocupado pelo CLAF, pela revista Ciência Hoje e pelo sindicato dos funcionários do CNPq. Com a deterioração das suas condições físicas, o Pavilhão Mário d’Almeida foi esvaziado dois anos atrás.

Ao longo de muitos anos, o Pavilhão Mário d’Almeida representou um dos mais importantes locais para a contínua evolução da física brasileira e mesmo de outros países latino-americanos. Nele muitos líderes mundiais da física trabalharam e ministraram cursos e seminários. Nomes como Richard Feynman, Robert Oppenheimer, Walter Baltensperger, Juan José Giambiagi, Leon Rosenfeld, David Bohm, Guido Beck, Gleb Wataghin, Ugo Camerini, Marcos Moshinsky, além de César Lattes, José Leite Lopes, Jayme Tiomno, Elisa Frota Pessôa, Mário Schenberg, Georges Schawachheim, Alfredo Marques, H. Moysés Nussenzveig, Hervásio G. de Carvalho, Colber G. de Oliveira, Jacques Danon, Samuel W. MacDowell, Fernando de Souza Barros, Carlos Márcio do Amaral, Antonio Luciano Leite Videira, Nicim Zagury, Erasmo Ferreira, Anna Maria Endler, entre tantos outros, pesquisaram e estudaram.

Além de local para o ensino e a pesquisa em física, o Pavilhão Mário d’Almeida foi palco de outra iniciativa pioneira. Desde a sua criação em 1962, ali funcionou o CLAF, órgão destinado à promoção, em moldes colaborativos, da física na América Latina a partir de projetos e iniciativas, elaborados e formulados a partir de uma visão integradora dos países que constituem a região.

A preservação e a modernização do Pavilhão Mário d’Almeida são gestos, que não apenas constituem a permanência do legado construído por esse grupo de cientistas, mas também significam o compromisso com a ciência e com o desenvolvimento científico e cultural do Brasil e da região.

 

Por: Antonio Augusto Passos Videira, CBPF