FALECIMENTO DE CARLOS LOPES

FALECIMENTO DE CARLOS LOPES

É com profundo pesar que damos a notícia do falecimento do nosso querido amigo  e funcionário CARLOS LOPES DA CONCEIÇÃO, no dia 26 de janeiro passado aos 89 anos.

Carlos dedicou a maior parte de sua vida a seu trabalho no CLAF, que dizia ser sua segunda casa. Sua grande e mais longa separação do Centro se deu por conta da pandemia em março de 2020, o que com certeza agravou seu estado de saúde.

Sentiremos sempre uma saudade imensa do amigo Carlos Lopes, com o qual convivemos por décadas e compartilhamos tantas histórias. Fica a gratidão do CLAF e de todos os amigos a ele ligados, como diretores e ex-diretores, membros do Conselho Diretor, amigos do CBPF, ex-bolsistas, etc. por seu grande amor e dedicação a essa instituição que viu nascer e acompanhou até o final de sua vida.

Disponibilizamos abaixo trechos do texto escrito por Cassio Leite Vieira, jornalista de ciência e historiador da física, grande amigo por quem o Carlos Lopes tinha imenso carinho.

Compartilhamos também o texto elaborado pela grande amiga Maria Elena Echarte, que fez parte da Coordenação Geral do CLAF por 12 anos, publicado no “BOLETIN DEL CLAF NO. 1 /2016”, página 7.

 

O MELHOR DIRETOR DE TODOS OS TEMPOS

Assim se referiu o Dr. Carlos Trallero, diretor do CLAF, ao resumir o labor desempenhado por Carlos Lopes da Conceição em ocasião da homenagem prestada por mais de 50 anos de dedicação e devoção ao CLAF.

Com a participação dos Dres. João dos Anjos e Feliciano Sánchez, ex-diretores do CLAF, assim como amigos e colegas, Carlos foi surpreendido e se mostrou visivelmente emocionado pelo merecido reconhecimento. Quem começou sua vida profissional muito jovem como “office-boy” e ajudou a construir com suas próprias mãos o edifício que ainda hoje ocupa o CLAF, foi desempenhando as mais diversas atividades e assumindo responsabilidades que se converteu em uma pessoa chave para o funcionamento do Centro. Sua modéstia característica o situa muitas vezes naquele rol de anônimos, mas que sem dúvida, sempre esteve por trás da rotina diária do CLAF bem como nas situações mais adversas. Por trás de cada evento apoiado, de cada bolsista, esteve sempre Carlos. Hoje quando decide fazer um balanço de seu trabalho pelo peso dos anos, se diz convencido de que seu amor pelo CLAF se mantém intacto. Nós que convivemos com ele cada dia no CLAF, sabemos que sua decisão de descansar depois de uma história tão longa é mais que um direito, mas convencidos estamos que seu apego e pertencer superam este retiro anunciado. Em nome da comunidade de países membros e amigos, dos conselheiros, bolsistas e da equipe do CLAF nosso agradecimento a Carlos Lopes por seu exemplo de dedicação e lealdade.

 

 CARLOS DA CONCEIÇÃO (1933-2023): A SERVIÇO DA CIÊNCIA
Por Cássio Leite Vieira

"Morreu ontem (26/01) Carlos Lopes da Conceição, funcionário com mais de 50 anos de serviços prestados ao Centro Latino-Americano de Física (CLAF), com sede no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro (RJ).

De família muito pobre, começou sua carreira como office boy no CBPF, logo depois da fundação dessa instituição, em 1949. Foi pedreiro na construção do Pavilhão Mário de Almeida, primeira sede própria do CBPF, no câmpus da Praia Vermelha, da UFRJ.

O físico César Lattes (1924-2005) -- de quem foi amigo -- o autorizou a construir um 'puxadinho' ao lado da obra, para que Carlos dormisse ali enquando trabalhava.

Foi transferido para o CLAF, no qual se tornou um tipo de 'coração e alma' do centro. Mesmo aposentado, seguiu trabalhando lá -- adorava o que fazia. Era competente, gentil, supereducado e agradabilíssimo.

Tive o prazer de conviver com ele por décadas -- a redação da revista Ciência Hoje, onde eu trabalhava, era no mesmo pavilhão, ao lado do CLAF.

Em longa entrevista que deu para um projeto de história da física no Brasil, Carlos mostrou saber mais sobre o CLAF do que vários dos ex-diretores -- por sinal, foi responsável por 'salvar' da destruição parte substancial da documentação histórica desse centro.

Certa vez, perguntei a ele se mudaria algo em sua vida. "Não! Faria tudo de novo! Tive um vida ótima!"."

"Foi funcionário exemplar e serviu com decidação à ciência do Brasil. Mas, como sempre digo, isso são detalhes. O que, realmente, importa é: foi uma boa pessoa.

Adeus, Carlos. Sentiremos sua falta."