Novas pistas sobre raios cósmicos ultra-energéticos

Postado em: 05/ABR/2010 Categoria: Outras

Os raios cósmicos ultra-energéticos se assemelham a núcleos pesados, como o de ferro. Essa é a conclusão surpreendente de uma pesquisa inédita desenvolvida por centenas de cientistas de vários países, entre eles Brasil, Argentina e México. A partir de dados recolhidos no Observatório de Raios Cósmicos Pierre Auger, na Argentina, os pesquisadores refutaram a hipótese anterior de que esses misteriosos raios seriam partículas simples, como os prótons. Os resultados foram publicados em artigo da Physical Review Letters em 1º de março.


Detector de raios cósmicos do Observatório Pierre Auger. (foto: Roberto Fiadone/ Wikimedia Commons).

“Fizemos uma simulação de como os chuveiros atmosféricos se comportariam se fossem feitos de prótons, núcleos de ferro ou de oxigênio”, explica o físico Ronald Shellard, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, um dos autores da pesquisa. “Os resultados indicam que essas partículas são núcleos pesados.”

Shellard ressalta que os físicos latino-americanos tiveram uma participação bastante significativa no experimento. “Os argentinos tiveram um papel muito importante na construção do observatório e há muitos pesquisadores desse país envolvidos na análise de dados”, conta. Dos 350 autores do artigo, um quarto é composto por argentinos e brasileiros.  “Temos várias lideranças desses países.”

O Observatório Pierre Auger teve sua primeira etapa de construção concluída em junho de 2008.  O projeto internacional contou com o apoio do CLAF, que concedeu bolsas a estudantes latino-americanos para trabalhar em suas pesquisas. Shellard conta que a observação continua no Pierre Auger, mas há também a intenção de construir um observatório complementar no estado do Colorado, nos Estados Unidos. “Os raios cósmicos ultra-energéticos são fenômenos raros e queremos observar o céu de todo o planeta”, completa.