O planeta Marte está sendo preparado para ser habitado por seres humanos. Uma nave espacial é enviada com uma missão: procurar e identificar partículas e construir os elementos químicos que formam a vida. Esse é o enredo do Sprace Game, um jogo de computador criado por físicos do Centro Regional de Análise de São Paulo (Sprace) da Universidade Estadual Paulista (Unesp). No controle da nave, estudantes aprendem conceitos de física de partículas de maneira simples e divertida.
A nave do Sprace Game leva as partículas até a base para serem identificadas.
(Imagens: Reprodução)
O físico Sérgio Ferraz Novaes, coordenador do Sprace, explica que a motivação do projeto é despertar o interesse dos alunos por um conhecimento valioso que não é ensinado na escola. “O conteúdo do ensino médio chega até a década de 1920, mais ou menos, com o átomo de Bohr”, explica. “Quase 100 anos depois, com os aceleradores de partículas, conhecemos a matéria de forma muito mais penetrante.”
Para captar a atenção de adolescentes, nada melhor do que falar sua própria língua. Por isso, a escolha do jogo. “Não podemos ficar presos à lousa e aos livros”, ressalta Novaes. Foi contratada uma empresa para desenvolver o Sprace Game e garantir que ele fosse visualmente caprichado. Já o conteúdo foi definido pelos físicos do Sprace. Apesar de uma atmosfera espacial fictícia, os conceitos de física apresentados no jogo são fiéis à realidade. As partículas têm cores, pesos e tamanhos diferentes entre si e relativos aos do universo real: as que são maiores e mais pesadas na realidade são grandes no jogo, e vice-versa.
A cada fase do jogo, o estudante cumpre missões que levam à identificação e combinação de partículas até a criação um átomo de hidrogênio e um de oxigênio, os componentes da matéria prima da vida: á água. O resultado? Aprendizado e muita diversão. “Era fundamental que o jogo fosse interessante e captasse a atenção do jovem”, explica o físico.
Também foi desenvolvida uma versão do jogo em inglês e os pesquisadores esperam que instituições européias ligadas à divulgação científica auxiliem na tradução para outras línguas. A intenção é que o maior número de pessoas possa ter acesso ao jogo, que está disponível gratuitamente na internet, e que ele possa ser um recurso para complementar o ensino em sala de aula nas escolas brasileiras. “Esperamos que o Sprace Game ajude a despertar vocações para a ciência”, revela Novaes. “E que leve aos estudantes, mesmo aos que não forem seguir carreira de físicos, um conhecimento que os tornem cidadãos mais bem informados acerca de seu tempo”, finaliza.
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